Caldeira da Graciosa e Furna do Enxofre
A ilha da Graciosa (61 km2) caracteriza-se, do ponto de vista morfovulcânico, por duas regiões principiais: 1) o Vulcão da Caldeira, o mais pequeno vulcão poligenético dos Açores (~2 km3), que ocupa a parte sudeste da ilha e 2) a Plataforma NW, uma região de natureza basáltica s.l. (~40 km2) constituída por cerca de 55 cones monogenéticos (e.g. cones de escórias) e pelas escoadas lávicas associadas. O Vulcão da Caldeira apresenta um diâmetro basal de aproximadamente 4,4 km, uma altitude máxima de 302 m e possui uma depressão elíptica no seu topo, com 1,6 x 0,8 km de diâmetro. Trata-se de uma caldeira de subsidência, associada a erupções siliciosas explosivas (do tipo pliniano), que se terá originado há cerca de 12 200 anos B.P.
Decreto Legislativo Regional n.º 24/2004/A
Considerando que a caldeira da ilha Graciosa consiste numa estrutura geológica de elevado interesse, encontrando- se no seu interior a furna do Enxofre, uma cavidade vulcânica que se situa entre aquelas onde as necessidades de protecção, preservação e de partilha dos valores biológicos, estéticos, científicos e culturais mais se fazem sentir;
No interior da caldeira, de vertentes abruptas e escarpadas e alongada segundo uma direcção geral NW-SE, existem dois centros eruptivos e uma imponente estrutura subterrânea: a Furna do Enxofre, verdadeiro ex-libris da Ilha Graciosa.
A Furna do Enxofre é uma imponente caverna lávica, com um comprimento máximo de 194 m e cerca de 40 m de altura na parte central, que se caracteriza por apresentar um tecto em abóbada perfeita. Localizada na parte SE da Caldeira da Graciosa, esta estrutura subterrânea comunica com o exterior através de duas fendas dispostas ao longo de uma direcção geral noroeste-sudeste.
O acesso ao seu interior faz-se através de uma torre com cerca de 37 m de altura e uma escadaria em caracol com 183 degraus, edificada no início do século XX. Não obstante, a Furna do Enxofre foi explorada no século XIX por visitantes ilustres, como o Príncipe Alberto do Mónaco e os naturalistas Fouqué e Hartung.
A Furna do Enxofre é considerada única no panorama vulcano-espeleológico internacional e a sua génese está associada a uma importante fase efusiva intracaldeira, do tipo havaiano, que envolveu a formação de um lago de lava. Na fase final desta erupção havaiana, a lava existente no interior da caldeira, ainda fluida, foi drenada ao longo da conduta principal do vulcão, precisamente pela zona onde se encontra actualmente esta cavidade.
No interior da cavidade vulcânica, para além de um lago de água fria, existe um importante campo de desgaseificação, constituído por uma fumarola com lama e por emanações gasosas difusas de dióxido de carbono, que se libertam imperceptivelmente em diversas áreas do chão da gruta. Em determinadas condições ambientais a concentração de dióxido de carbono no ar atmosférico pode atingir valores superiores aos admissíveis em termos de saúde pública, facto pelo qual o local é monitorizado em contínuo.