O problema da desertificação não é de agora, nem de ontem. África tem hoje vastas áreas desertificadas onde em tempos subsistiram florestas e proliferava vida. Mas não se pense que a desertificação atinge apenas o continente africano. Este fenómeno resulta das variações climáticas, produzidas pelas alterações atmosféricas que tem ocorrido no nosso planeta, mas também, numa escala local ou regional, à intervenção do homem na alteração do coberto vegetal ou no desvio de fontes de água, por exemplo.
A desertificação é um dos processos de degradação ambiental mais alarmantes, afetando um terço da superfície terrestre e mais de um bilião de pessoas em praticamente todo o mundo.
A população mundial aumenta, há uma necessidade crescente por alimentos e outros produtos agrícolas, intensifica-se o uso da terra e o consumo de água, a produtividade das terras aráveis decresce e aumenta o progressivo desaparecimento de outras formas de vida, a falta de precipitação torna-se cada vez mais uma realidade e iniciam-se processos de desertificação, a exposição do solo à ação do vento e do sol levam à degradação e desaparecimento da matéria orgânica e a alterações na sua estrutura e textura, acentuando-se ainda mais a progressiva desertificação.
A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação foi criada em 17 de junho de 1994 em Paris, com o papel de empenhar-se no combater a desertificação embora, de então para cá, os progressos tenham sido pouco animadores. Foi esse dia adotado como Dia Mundial do Combate à Desertificação e à Seca, começando-se a celebrar em 1995 (General Assembly Resolution A/RES/49/1995), com o objetivo de consciencializar todos para os efeitos negativos que a seca pode provocar a nível local, regional e mundial e para uma exploração racional e adequado dos solos e do seu coberto. Tal como as alterações climáticas, a necessidade em lenha, as práticas agrícolas intensivas e a má gestão da água, são procedimentos que afetam negativamente e levam à degradação e perda da produtividade biológica do solo.
Este ano o tema proposto para celebrar este dia, resultante de um concurso público que foi efetuado, foi: “Comida, Alimentação, Fibra.”, que pretende chamar a atenção para o impacto da Indústria da Moda que promove vastas zonas de monocultura agrícola (nomeadamente de algodão) com consumos completamente desadequados de água em locais de grande sensibilidade.
Numa altura em que vivemos uma situação de Pandemia torna-se ainda mais urgente fortalecer a resiliência dos sistemas que fornecem alimentos e água, de forma a combater a pobreza global e a insegurança alimentar, que tende a aumentar. Hoje, o lema “Terra Saudável = Pessoas Saudáveis”, promovido pela Convenção de Combate à Desertificação, é mais verdadeiro do que nunca.