Ontem os Montanheiros receberam a triste notícia do falecimento de Albino Garcia, um picoense que sentia na sua ilha e nas suas gentes uma causa, que sempre perseguiu e que sempre o ocupou nas mais diversas formas durante a sua vida.
Albino Manuel Terra Garcia nasceu em novembro de 1954, na freguesia das Bandeiras, ilha do Pico. Bem integrado na sociedade foi defensor de ideias e promotor de projetos que visavam enriquecer de história e de brio os seus conterrâneos, de que são exemplos o livro que escreveu “Bandeiras em Festa”, a subscrição pública que liderou e que culminou na edificação de uma estátua ao insigne madalenense Gilberto Mariano, a sua presença na associação Círculo de Amigos da Ilha do Pico em cujo jornal Ilha Maior escrevia regularmente, ou como dirigente em movimentos social da ilha.
A ele, tal como aos Montanheiros, interessava muito o património natural da ilha do Pico, em particular as suas abundantes e belíssimas cavidades vulcânicas. Tendo começado muito cedo a explorar as grutas e algares sob os seus pés, levado por uma curiosidade inata, gosto pela aventura e amor à natureza, ao longo dos anos criou, dinamizou e colaborou com grupos ligados à espeleologia e proteção ambiental como o GEADA (Grupo de Espeleologia, Alpinismo e Defesa do Ambiente). Explorou, fotografou e mediu, mais de centena e meia de grutas, acabando por adquirir profundos conhecimentos, complementados com leituras da especialidade, com a troca de informação com outros especialistas com quem se foi cruzando em congressos ou nas visitas que estes faziam à sua ilha. Sobre este assunto escreveu em jornais, deu palestras, guiou grupos e deu preciosas informações a equipas de investigação.
Conhecemos o Albino no final da década de 80 do século passado e na década seguinte integrou ou acompanhou de perto as muitas expedições espeleológicas que os Montanheiros organizaram à ilha do Pico. O gosto pela salvaguarda das grutas desta ilha ficou bem demonstrado em ações como a compra de um baldio que fez para preservar uma gruta, ou a exposição fotoespeleológica “No ventre sagrado da ilha”, com fotos de sua autoria, que organizou com o prof. Victor Hugo Forjaz.
O contato com o Albino foi-se mantendo ao longo dos anos e é com verdade que hoje dizemos que perdemos um amigo e que a morte de Albino Garcia deixa a ilha do Pico e os Açores mais pobres.
Os Montanheiros endereçam os sentidos pêsames à família.
